Os Desafios do Novo Paciente 70+

Os Desafios do Novo Paciente 70+

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Os Desafios do Novo Paciente 70+: O aumento na expectativa de vida dos brasileiros fez surgir um novo perfil de paciente. Como os Dentistas devem se preparar para atender esses pacientes? 

Texto resumido da revista Implant News. V6,N1.16-20 Jan/ fev 2021 

Lidar com pacientes  com idades avançadas pode ser um desafio para o Dentista, principalmente  quando os procedimentos  cirúrgicos são  necessários  ou tratamentos complexos.  

Os inúmeros  avanços da medicina e áreas correlatas tem contribuído não só  para a prevenção  e tratamento  de doenças,  mas também para  a busca por um estilo de vida mais saudável.  

Dez anos atrás  , muitos chegavam no consultório  saudáveis  más com muitas perdas dentais . A solução  era a colocação  de uma prótese total sobre implantes( dentadura sobre implantes). Hoje esse tipo de paciente já  é  menos frequente e a maioria busca a reposição  de poucos dentes( elementos unitários).  Quando recebemos um paciente devemos fazer uma anamnese criteriosa , avaliando seu histórico de saúde e suas medicações  . Devemos ficar mais atentos à  condição  sistêmica e as possíveis  comorbidades que podem  interferir  no tratamento odontológico.   

Ao considerar a resposta  biológica  de um paciente ao invés  da sua idade , a Odontologia  está  inserida num contexto  interdisciplinar,  ao lado de médicos e outros especialistas num objetivo  comum: diagnosticar as reais necessidades e tomar as melhores decisões  em favor da qualidade de vida do idoso. Os profissionais  das diferentes  áreas devem manter interação  entre si, na qual podem discutir  as melhores alternativas  de tratamento  de acordo com o interesse  do paciente.  

O atendimento  ao paciente cardiopatas é  um bom exemplo de como essa interação  deve ocorrer como no caso da preocupação  do risco de sangramento  excessivo durante o procedimento cirúrgico quando o paciente está  sob ação  de anticoagulante. A suspensão  desse medicamento durante o tratamento  odontológico  também  é  um risco  para o paciente. Hoje sabemos que a interrupção  do anticoagulante  é  desnecessária  desde  que  o INR esteja dentro dos níveis  adequados. É  imprescindível  que o Dentista conheça  o metabolismo  básico  para poder trocar informações  e buscar a melhor solução  para  o paciente.   

Há  uma relação direta entre saúde bucal  e as condições  sistêmicas  do paciente idoso.  Patologias que causam impedimento  para a realização  de implantes  podem estar relacionadas ao tabagismo.  Não é  contraindicado implantes para pacientes fumantes más o índice de sucesso  é  menor. O paciente idoso recebeu muitos tratamentos  odontológicos  ao longo da vida. É  muito  comum também  que tenham  alguma doença  crônica  associada,  como diabetes,  problemas  cardiovasculares,  doenças  renais crônicas,  xerostomia, as vezes, problemas  cognitivos  e sequelas importantes após  tratamento  de câncer. Além disso, tem longas listas de medicamentos,  que  podem  interferir no sangramento, no controle do diabetes, no controle  das DCVs, maior  risco de infecções  e a própria  capacidade do paciente  tolerar o tratamento  dentário. Em um plano de tratamento  , é  importante que questões  simples sejam revistas , incluindo a tolerância  ao uso de próteses removíveis e a decisão  estratégica  sobre quais dentes devem ser mantidos.  A partir da decisão do periodontista, a prótese será  planejada. Os eventuais acompanhantes devem ser orientados sobre como auxiliar  nos cuidados orais de seus pacientes.

Prótese dentária: os benefícios da qualidade de vida

Não  podemos generalizar devido as  desigualdades sociais do nosso país más o conceito  de envelhecimento mudou muito ao longo dos anos. Hoje temos pacientes com mais de 70 anos que  são  extremamente ativos , com boa saúde e preocupados com a sua imagem e bem-estar. Com a melhora na qualidade de vida , a geração  da terceira idade consegue manter boa parte  dos seus dentes sadios, resultado  de tratamentos mais conservadores.  Apesar dos implantes serem uma grande solução  , a manutenção dos dentes naturais saudáveis,  mesmo com suporte  reduzido, mas com boa condição  periodontal,  é  importante  para o estímulo  ao cérebro  do indivíduo.  O restabelecimento  da DVO ( Dimensão  vertical  de oclusão) é  necessário para o reposicionamento   da mandíbula e o rejuvenescimento  facial.  

Outra condição  comum em pacientes mais velhos está relacionado a dificuldades motoras , oriundas de um acidente vascular cerebral  ou outras situações de debilidade física onde o paciente não  consegue fazer sua higiene bucal. Nesses casos, as próteses fixas sobre implantes ( tipo protocolo) devem ser substituídas pelas próteses do tipo overdenture , que podem ser removidas  por  um cuidador. Esse tipo de próteses facilita a manutenção  e a higienização  ao redor dos implantes  

Pacientes hipertensos sugere -se avaliar a pressão arterial antes das cirurgias. Anestésicos  com epinefrina podem ser usados nesses pacientes , a não  ser que a PA sistólica esteja>200mm Hg e PA diastólica > 115 mm Hg. 

Pacientes diabéticos é  necessário saber o tipo  de insulina e qual  agente hipoglicemiante são  usados para ter noção  sobre seu risco de hipoglicemia. Realizar as consultas fora do horário  de pico da ação  da insulina. Prestar atenção  nos tremores, confusão  mental  , agitação,  ansiedade,  sudorese, taquicardia e tontura pois são  sinais da hipoglicemia.  

No paciente cardíaco,  deve-se identificar o quadro básico do paciente, insuficiência  cardíaca congestiva( ICC), arritmias, doença  válvular, uso de marcapassos , doenças  com atentos, doença  coronariana( angina  estável ou instável,  infarto) e histórico  de endocardite bacteriana. Para os pacientes com angina devemos realizar consultas curtas, de preferência  no fim da manhã  e início  da tarde. Em pacientes com ICC, realizar  consultas  curtas  , com a cadeira em posição  parcialmente  reclinada. Nunca  em posição  supina pois pode aumentar  o retorno sanguíneo,  sobrecarregando o coração.  Em pacientes  com arritmias  cardíacas  deve-se controlar  a quantidade de anestésicos: de 2 a 3 tubetes de lidocaina  com 1:100000 epinefrina. Lembrando que o adulto normal pode receber até  10 tubetes. No caso de risco de endocardite  bacteriana,  avaliar a necessidade  do uso de antibióticos  preventivos no caso de extrações , colocação  de implantes, procedimentos  periodontais que  causam sangramentos  e cirurgias endodônticas. 

Nos pacientes asmáticos,  quando houver histórico de ataques frequentes, lembrar ao paciente de ter disponível  sua medicação  habitual. 

Em todos esses casos,  a interação entre o dentista  e o médico que acompanha  o paciente é  de extrema  importância .  

Girlene E. Prezotto Villa 

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