A relação entre o fumo e a doença periodontal nos mostra a elevada prevalência de gengivite ulcerativa necrosante (GUNA) em pacientes fumantes. O fumo está associado a um amplo espectro de doenças, entre elas o câncer bucal. Muitos estudos estabeleceram que, comparando mulheres fumantes com não-fumantes com periodontite, as fumantes possuem: sondagem mais profunda e muitas bolsas profundas; mais perda dentária e de osso alveolar; mais dentes com envolvimento de furca; mais perda de inserção incluindo mais retração gengival, menos gengivite e menor sangramento a sondagem. Este menor sangramento gengival à sondagem está associado a tecidos marginais menos inflamados e sangrantes quando da sondagem da profundidade da bolsa.
O desenvolvimento de inflamação em fumantes é mais retardado, por isso, apresentam menos locais exibindo vermelhidão ou sangramento à sondagem. Eles apresentam uma quantidade mais baixa de líquido gengival durante o desenvolvimento da gengivite. Foi proposto que a redução do sangramento tenha sido causada pela vasoconstrição induzida pela nicotina. O fumo provoca efeito prejudicial sobre a osteoporose. Existe uma relação negativa entre o fumo e a densidade mineral óssea, pois há uma correlação inversa significativa entre o número de cigarros fumados por dia e os níveis séricos de estrogênio. Isso sugere que o metabolismo hepático de estrogênio aumenta em fumantes na pós-menopausa, resultando em níveis séricos mais baixos desses hormônios, comparados com às não-fumantes, o que aumenta a reabsorção óssea.
Existem muitas teorias para explicar o porquê dos fumantes apresentarem mais doença periodontal do que os não fumantes e estão relacionados tanto com as bactérias quanto com a resposta do hospedeiro (Lindhe, 2005). A fumaça do cigarro é uma mistura muito complexa de substâncias com mais de 4.000 constituintes conhecidos, e muitos desses componentes podem modificar a resposta do hospedeiro na periodontite. Muitos estudos mostram que fumantes possuem mais espécies bacterianas responsáveis pelo desenvolvimento da periodontite do que os não fumantes. O fumo tem grande efeito no sistema imunológico e inflamatório.
Os polimorfonucleares são células fundamentais de defesa no tecido periodontal e nos fumantes tem sua capacidade de ação reduzida e ou suas funções alteradas. Os efeitos do fumo sobre a função linfocítica e a produção de anticorpos são muito complexos e os vários componentes do fumo podem causar imunossupressão ou estimulação. O fumo prejudica a cicatrização de forma sistêmica e em todos os aspectos do tratamento periodontal cirúrgico e não cirúrgico ( Bostrom et al 1998). O tabagismo e a nicotina, sem duvida, afetam a microvascularização, os fibroblastos e a matriz do tecido conjuntivo, o osso e também a própria superfície radicular( James et al. 1999) O tempo para a normalização da saúde geral do ex-fumante ainda não está bem definido.
Girlene E.P.Villa.
Especialista em Periodontia
Mestre e Doutora pela FORP-USP
Lorene Pereira de Queiroz Casali CD
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