Atendimento odontológico de idosos e de deficientes em domicílio

Atendimento odontológico de idosos e de deficientes em domicílio

A população mundial está envelhecendo, principalmente nos países em desenvolvimento como o Brasil. Projeções da OMS evidenciam que idosos no Brasil, no período de 1950 a 2025, deverão ter aumentado em quase 15 vezes, enquanto o restante da população terá aumentado em 05 vezes. Com o envelhecimento, as doenças próprias da velhice, surgem com maior freqüência e impacto na qualidade de vida dos idosos.

Por isso o atendimento odontológico domiciliar e outros serviços domiciliares são necessários. O atendimento odontológico domiciliar corresponde à ida do cirurgião-dentista à residência ou ambiente em que o paciente se encontra para promover a saúde bucal e contribuir para a qualidade de vida dessa população.

Odontologico-em-DeficienteO maior público desse tipo de atendimento são os idosos residentes em domicílio, em casas de repouso e hospitalizados (UTI ambulatório) seguidos dos deficientes físicos. O cirurgião-dentista deve fazer parte de um planejamento minucioso com os demais profissionais da saúde, envolvidos com o paciente, seja compartilhando informações, seja como integrante de uma equipe clínica multidisciplinar.

Odontologico-em-Deficiente2O dentista deve estar informado das principais patologias envolvidas nesses pacientes, suas características, bem como dos fármacos e suas implicações na saúde bucal. Um estudo interessante investigou a saúde bucal de 110 idosos brasileiros com idade entre 60 e 95 anos. Verificaram que apenas 23% dos pacientes conseguem realizar a higiene diária sozinhos e, em 16% dos casos, há dependências para realizar algumas atividades. Portanto, 61% dos pacientes manifestaram dependência total na realização das atividades da vida diária necessitando de um cuidador. Analisaram também a qualidade da higiene bucal, seja ela feita pelo paciente que é independente, seja aquela feita pelo cuidador, ou mesmo por ambos.

Verificou-se que, em 39% dos casos, a higienização se apresentava precária, aceitável em 34% e boa em apenas 27%. Constatou-se que 25% possuíam dentes e 75% não possuíam.
Os idosos revelaram uma alta porcentagem de cáries e gengivite, um alto número de próteses desadaptadas e aproximadamente um terço com higiene bucal precária.
Apesar desses idosos não apresentarem um estado de saúde bucal satis-fatório, na quase totalidade deles (93%) a alimentação era realizada pela boca, de maneira que a mastigação e a deglutição se encontravam prejudicadas. Sete por cento do total se alimentava por sonda. A presença de dentes, ou do uso de algum tipo de prótese que tenha eficiência mastigatória semelhante à dentição natural é fundamental para que haja uma formação adequada do bolo alimentar e posterior continuação do ciclo digestivo.

Como se sabe, uma nutrição adequada é necessária para a obtenção de uma boa saúde geral e está em relação direta com o bom funcionamento dos dentes e ou a boa adaptação das próteses.

Desafio

O grande desafio que enfrentamos é uma mudança do paradigma bucal do idoso brasileiro: de um belo par de próteses totais bem confeccionadas (dentaduras) no século passado para um idoso que alcança os 70,80,90 anos de idade com vários elementos dentários em sua cavidade bucal. Isso exige um verdadeiro programa preventivo voltado para a terceira idade. Esta é a grande meta deste século que só poderá ser alcançada com o empenho dos cirurgiões Dentistas.

Dra. Girlene E. P. Villa: Mestre e Doutora pela FORP-USP. Especialista em Periodontia e Implantodontia. Coordenadora do Atendimento Odontológico Domiciliar - Dental Family, em Ribeirão Preto-SP

Dra. Girlene E. P. Villa:
Coord. do Atendimento Odontológico Domiciliar – Dental Family, Ribeirão Preto-SP

Referências Bibliográficas:
1) Vieira EB. Manual de Gerontologia- Um Guia Teórico-Prático para Profissionais, Cuidadores e Familiares, 2 ed. Rio de Janeiro: Revinter: 2004.

2) ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, Active ageing.A policy framework, Genéve, OMS,2002,58 p.

3) Dias MHMS. O dentista como parte integrante da equipe interdisciplinar do Serviço de Assistência Domiciliária. Rev Canal Científico [periódico eletrônico] 2005 [citado em 2005 nov/dez]; 5(5). Disponível em: http://www.editorasantos.com.br

4) BRUNETTI,R.F.;MONTENEGRO,F.L.B. Odontogeriatria: Noções de Interesse Clínico, São Paulo, Ed. Artes Médicas, 2002, 500 p

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